Quem não ama um animalzinho? Quem não gosta de conviver com um cachorro, gato, papagaio ou periquito? Eles deixam a rotina das pessoas mais alegre, mais cheia de vida. Tem sorriso mais verdadeiro que aquele que o seu cachorro dá após um longo dia de trabalho ou mesmo que você tenha saído há poucos minutos e ele te recepciona como se vocês não se vissem há muito tempo?

Também têm aqueles animais que servem de alimento para as pessoas ou aqueles que nós só admiramos, já que não são domesticáveis e também não são indicados para a nutrição. Definitivamente os animais são importantes para a vida humana, desde a alimentação até a companhia e o amor que eles nos dão. E isso vem desde os tempos mais antigos, em que o homem percebeu a necessidade de manter essa relação com os animais. Quando o homem deixou de ser nômade e passou a domesticar animais ou ter uma criação, a vida mudou.

Entretanto, mesmo a convivência com os animais sendo fundamental e de grande importância ao ser humano, é essencial que as pessoas tomem alguns cuidados, já que os animais carregam doenças que, potencialmente, podem ser transmitidas aos seres humanos.

Como já dito, os animais, tanto domésticos quanto selvagens ou de criação, podem transmitir doenças infecciosas para os seres humanos, principalmente causadas por vírus, bactérias ou parasitas. Esse tipo de transmissão é chamada de zoonose e acontece quando um patógeno que se originou em um animal contamina o ser humano, diretamente ou com um agente intermediário.

A contaminação pode acontecer de diferentes formas, dependendo do tipo de animal ou doença. Mas as principais formas são por meio de mordidas e arranhões, pelo contato com secreções ou fezes, pela ingestão da carne de animais ou alimentos contaminados e por vias aéreas. 

O dia 06 de julho é marcado como o Dia Mundial das Zoonoses, já que, nesta data, em 1885, o francês Louis Pasteur aplicou a primeira vacina antirrábica em uma pessoa. E o resultado foi um sucesso. A data também busca conscientizar a população a respeito da importância da vacinação de animais domésticos e da necessidade de controlar a reprodução de determinados tipos de espécies, como pombos e morcegos hematófagos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem mais de 200 tipos de zoonoses que circulam entre os animais e as pessoas, algumas mais graves e outras muito raras. Além disso, cerca de 60% das doenças infecciosas que acometem as pessoas têm a sua origem em animais; também segundo a OMS, a cada ano surgem cinco novas doenças e, dentre esse número, três têm os animais como vetores.

O caso mais recente e que ainda mexe com a vida das pessoas é a Covid-19. Acredita-se que a pandemia do coronavírus teve sua origem em um animal, o morcego, e foi transmitida ao ser humano através do consumo da carne do pangolim, uma espécie de animal semelhante ao tamanduá. Essa doença infectou mais de 550 milhões de pessoas no mundo, tirando a vida de cerca de seis milhões. 

A Covid-19 pode ser um dos casos mais recentes e impactantes, porém diversas outras doenças que circulam hoje entre a população tiveram sua origem em animais. Como exemplo, podemos citar o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), que acomete mais de 38 milhões de pessoas no mundo e, apesar de ter um tratamento eficaz, ainda não tem cura. Segundo a OMS, a doença pode ter surgido após os humanos consumirem a carne de chimpanzés. 

Outra doença, em que hoje o número de casos vem crescendo por conta da queda gradual na vacinação, é o sarampo. A doença infecta de 20 a 30 milhões de pessoas ao ano, matando cerca de um milhão. A forma de contaminação mais provável do homem pela doença foi através da criação de gado para consumo.

A toxoplasmose também teve sua origem em animais, mais precisamente nos gatos. A contaminação acontece por meio da ingestão dos ovos do parasita que são eliminados pelas fezes dos felinos, que contaminam a água e os alimentos. O ebola, que assolou parte da África entre 2013 e 2016, também começou em animais. O hospedeiro primário foi o morcego de fruta e transmitido às pessoas pelo consumo da carne de chimpanzés, gorilas, antílopes e porcos espinhos. O ebola matou mais de 11 mil pessoas.

Agora que você já sabe que essas doenças tiveram origem em animais, nós precisamos falar sobre outro assunto: você sabe como evitar que elas se disseminem entre as pessoas?

Um fator primordial, que merece atenção total da população, é a vacinação de animais domésticos. Tanto quanto a castração, é fundamental que o seu bichinho receba todas as vacinas em dia. Além das vacinas que protegem os animais de doenças graves, como a cinomose e a parvovirose para os cachorros e o parvovírus em gatos, eles também devem receber a vacina antirrábica, que protege contra a raiva. Hoje, no Brasil, os cachorros e os gatos são os principais transmissores da doença, devido, infelizmente, à não vacinação. Para os animais, a raiva não tem cura; para humanos, ela tem tratamento, entretanto é uma doença extremamente grave, já que afeta o cérebro e a medula espinhal. 

Além da vacinação, é importante que os animais domésticos não tenham acesso liberado à rua. No caso dos gatos, por exemplo, eles podem se contaminar como o parasita que causa a toxoplasmose em humanos ao comerem carcaças ou carnes cruas contaminadas pelo agente, principalmente de animais silvestres. Dessa forma, o ideal é que os gatos se alimentem apenas com ração e que fiquem restritos às casas e apartamentos. A toxoplasmose é grave para grávidas e pessoas com o sistema imunológico debilitado. 

Outro problema importante a respeito desse assunto está na dificuldade de controlar a população de algumas espécies de animais nas cidades, como os pombos. Esses pássaros podem transmitir a criptococose, a ‘doença do pombo’, como é popularmente conhecida. A contaminação acontece por meio do contato com as fezes dos animais, principalmente através das vias aéreas. Por isso, o conselho é nunca alimentar os pombos, já que assim eles vão procurar comida fora das cidades. No caso dos morcegos, que podem ser transmissores da raiva, afetando animais domésticos e seres humanos, só há perigo se houver a interação do homem com o animal, caso contrário, é um animal importante e que auxilia no reflorestamento e no controle de insetos. Além disso, algumas espécies, inclusive, estão em risco de extinção. 

Entretanto, mesmo tomando os cuidados necessários, acidentes ainda podem acontecer. Maurício Gomes, biólogo da Secretaria de Meio Ambiente, explica a importância de agir rápido ao sofrer algum acidente com animal, principalmente no caso de animais silvestres ou de rua. “Se você for mordido ou arranhado por um cachorro que vive na rua, o ideal é lavar imediatamente o local com água corrente e sabão e ir até a Unidade de Saúde mais próxima, que vai te encaminhar para receber os devidos cuidados”, ressalta. Segundo ele, os primeiros tratamentos envolvem a aplicação de vacinas ou soroterapia.

Gomes também esclarece que ao se deparar com animais mortos, como morcegos, é fundamental cobrir o animal com algum objeto e nunca tocar ou deixar que alguém se aproxime muito, principalmente as crianças. “A pessoa deve imediatamente comunicar a Vigilância Epidemiológica ou a Vigilância Ambiental, que vai fazer a retirada adequada do animal e o envio ao Laboratório Central do Paraná (Lacen) para a coleta de amostras para averiguar se há a presença do vírus da raiva”, afirma. Segundo ele, animais mortos nunca devem ser descartados em lixos, já que o descarte irregular acarreta um perigo para os coletores de lixo e para os trabalhadores de aterros sanitários.

Os telefones para contato para tratar sobre esses assuntos são: 3174-0226, 3174-0215 e o 3174-2890, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h às 17h. 

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