A Prefeitura de Cambé, por meio da Secretaria Municipal do Trabalho e Profissionalização, organizou um mutirão de atendimento na Paróquia São Francisco Xavier para imigrantes haitianos em busca de emprego.

Parte da equipe da Agência do Sistema Nacional do Emprego (Sine) se deslocou até as dependências da igreja para cadastrar o público estrangeiro e transferi-lo às entrevistas de emprego. Os encaminhamentos ocorreram conforme o perfil de cada trabalhador.

A primeira iniciativa partiu da religiosa católica Diva Souza Costa, que integra o Instituto das Irmãs da Reparação. Vinda da Bahia, ela está há dois meses no município e encarregou-se de acompanhar os haitianos que habitam a região do jardim Santo Amaro, onde a Paróquia em questão está situada. Nesse contato, ela diagnosticou que o principal obstáculo para o bem-estar dessa população são as escassas oportunidades no mercado de trabalho.

Por isso, procurou o vereador Tokinho (PTB), que levou a demanda para o poder Executivo. A representante da Igreja Católica elenca as barreiras que impedem a construção de uma sólida vida profissional: “Eles têm dificuldade com a língua e não conhecem muitas pessoas. Aí falta alguém para fazer essa ponte, esse intercâmbio entre eles”.

Nesse sentido, além dessa ação excepcional de intermediação de mão de obra, a pasta do Trabalho atua também na qualificação e, em parceria com a Cáritas Arquidiocesana de Londrina, a Secretaria de Assistência Social e a Faculdade Catuaí, promove o curso de Língua Portuguesa semanalmente. Nas aulas gratuitas, os alunos praticam três frentes de comunicação: a escrita, a leitura e a conversação. A expectativa é que, com o diploma, eles consigam ocupar vagas que antes lhes eram negadas.

Oberd Fleurinord, 30 anos, deixou o Haiti há nove anos tendo o Brasil como destino. Hoje, trabalha em uma fabricante de cadeados e fechaduras, mas também já teve de lidar com o desemprego. Atuando na pastoral do imigrante da Paróquia São Francisco Xavier, se envolveu com a organização do mutirão para amparar quem, assim como ele, deu de cara com portas fechadas.

De acordo com o imigrante, seus conterrâneos não desejam o peixe já retirado do rio. O que eles querem é a vara com a qual irão pescar, para usar aqui uma metáfora conhecida. “Vim aqui para conseguir um lugar melhor porque, lá no meu país, tem uma crise há mais de 30 anos. Nós não queremos a doação de um dinheiro por mês, mas, sim, um emprego pra pagar o aluguel”, completa.

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