O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Cambé irá promover testes rápidos gratuitos para toda a população no próximo dia 27. A ação faz parte das atividades promovidas no Julho Amarelo, mês de conscientização contra hepatites virais. Os testes serão feitos no Calçadão, das 8h às 14h.
A enfermeira do CTA e do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) em Infectologia, Rafaela Montanha, destacou a importância de ações de testagem e conscientização no Julho Amarelo e os riscos que a hepatite pode apresentar. “O objetivo é alertar e reforçar as ações de prevenção e controle das hepatites virais. Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando se manifestam, podem levar a cirrose hepática e câncer no fígado, portanto, é muito importante que a população realize a identificação precoce das hepatites virais”, disse.
O Centro de Testagem e Aconselhamento estará realizando teste rápido de Hepatite B e C em toda a população, na quinta-feira (27), no período das 8h às 14h, no calçadão de Cambé.
Como é a transmissão, e o que fazer em caso de sintomas?
O infectologista Wilson Liuti, médico do CTA e do SAE em Cambé, esclareceu que a transmissão de hepatite acontece principalmente por corte como de alicate de unha, piercing e compartilhamento de agulhas contaminadas, e afirma como é essencial fazer o teste ao menos uma vez na vida. “O exame só começou a ser feito em banco de sangue em 1993. Então, todo mundo que fez cirurgia ou tomou transfusão de sangue, por exemplo, antes de 1993, pode ter pego hepatite C. A gente tem essa preocupação porque muitos casos são em idosos que fizeram uma cesárea, tiveram um parto difícil ou tiveram que tomar sangue na década de 1970 ou 1980. Como a hepatite normalmente é silenciosa, só aparecendo sintomas quando já existe um quadro de cirrose ou câncer de fígado, é importante fazer o exame mesmo sem ter nenhum indício”, relatou.
Os sintomas de hepatite aguda como olho amarelo, náusea, vômito, acontece na minoria dos casos, sendo uma doença silenciosa, de acordo com o infectologista. Além disso, para quem se expôs a riscos como fazer tatuagem em lugar não confiável, ir na manicure sem o próprio alicate ou usar um não esterilizado, tomar transfusão de sangue principalmente antes dos anos 1990, é ideal fazer o teste para ter certeza que está tudo bem.
“E sempre que a pessoa tiver algum sintoma ou suspeita, é ideal procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou o CTA para fazer o exame, o resultado sai na hora. Hoje, na maioria dos casos da Hepatite C, o tratamento é de três a seis meses, através de comprimidos, com mais de 90% de chance de cura”, concluiu Wilson Liuti.
A hepatite no Brasil
Conforme dados do Ministério da Saúde, de 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos de hepatite no Brasil. Destes, 264.640 são de hepatite B e 279.872 de hepatite C, com 36,8% e 38,9% respectivamente, os tipos mais comuns da doença. Os óbitos por hepatite C são a maior causa de morte entre as hepatites virais, com 62.611 (cerca de 76,2% do total por hepatites virais) nos últimos 20 anos.
Ainda de acordo com o cenário de hepatite no país, apresentado pelo Ministério essa semana, cerca de um em cada quatro brasileiros não sabe que tem hepatite B. Entre 1 milhão de pessoas que devem viver com a doença viral, apenas 264 mil foram diagnosticados, e somente 41 mil fazem tratamento. A meta da pasta é ampliar esse número para 100 mil nos próximos dois anos. Já sobre hepatite C, estima-se que 520 mil pessoas tenham a doença, mas ainda sem diagnóstico ou tratamento. Até 2022, cerca de 150 mil pessoas já haviam sido diagnosticadas, tratadas e curadas.
Segundo a apresentação, houve uma queda nos registros de novos casos entre 2019 e 2022, passando de 14.350 para 9.156. Além disso, os homens são mais atingidos pela doença, com 56% do total de casos.
O Brasil também assumiu o compromisso de eliminar 14 doenças determinadas socialmente até 2030. Em relação às hepatites B e C, o país busca ainda seguir a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% novas infecções e em 65% a mortalidade.