Na hora de compor a merenda dos alunos das escolas municipais de Cambé, a prioridade são os alimentos frescos e naturais, privilegiando frutas, legumes, verduras, uma boa proteína e fontes saudáveis de carboidratos. Nesta sexta-feira (21), é celebrado o Dia Nacional da Alimentação na Escola e o cardápio montado pelas nutricionistas da Secretaria de Educação de Cambé varia conforme a disponibilidade dos alimentos e da necessidade das crianças do município. “Nós priorizamos alimentos in natura e minimamente processados, evitando ao máximo o açúcar e ultra processados, como bolachas, bolos, leites fermentados, embutidos”, explica a nutricionista Izabel de Arruda. Segundo ela, as resoluções de 2020 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) colocam um limite na oferta desses alimentos às crianças, que é baseado no número de refeições que ela faz na escola: “mas nós optamos por não oferecer, já que eles não agregam nutrientes para as crianças”.

Diariamente, são preparadas mais de 17 mil refeições nas 44 escolas de educação infantil e de ensino fundamental e em outras duas instituições filantrópicas atendidas pela Secretaria de Educação – Lar Infantil Marília Barbosa e Associação Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). No mês, as mais de 10 mil crianças matriculadas nas escolas municipais consomem aproximadamente 375 mil refeições, sendo ofertadas até quatro refeições por dia, dependendo da quantidade de horas que a criança permanece na escola. Para a educação infantil integral, são ofertadas quatro refeições: café da manhã, almoço, um lanche durante o dia e o jantar. Ana Paula Radigonda, nutricionista e responsável técnica pela merenda do município, explica que uma boa alimentação está relacionada ao melhor rendimento escolar do aluno. Por outro lado, a má alimentação pode levar a criança a desenvolver déficit de atenção, ficar mais preguiçosa, além de afetar diretamente na saúde, podendo incitar o aparecimento de doenças.

A nutricionista explica que a escola precisa suprir de 20% a 70% de necessidade alimentar da criança, considerando 20% para o período parcial e 70% para o integral. “Se uma criança precisa de 1.200 calorias por dia, a escola precisa oferecer de 240 a 840 calorias, respectivamente”, ressalta. Na intenção de atingir esse valor, a opção foi fornecer uma refeição completa todos os dias: arroz, feijão, carne, salada e fruta – e leite para as crianças da educação infantil. “Tem criança que não gosta de comer a refeição completa no período da tarde porque ela almoçou há pouco tempo, então ela pode optar apenas pela fruta, como se fosse um lanche da tarde. Nós tentamos variar todos os dias a fruta para que as crianças não enjoem”. A nutricionista ressalta que no período da manhã, o consumo da refeição completa é maior que durante a tarde, pois as crianças entendem a merenda já como um almoço.

“A nossa intenção é fornecer alimentos saudáveis e incentivar as crianças a comerem coisas que elas geralmente não consomem em casa, principalmente trabalhando com a coletividade e incentivando novos sabores”, pontua a nutricionista. Segundo ela, o uso de produtos processados só é utilizado quando há mudanças no cardápio: “quando inserimos o arroz integral, nós preparamos uma receita de arroz carreteiro com a linguiça calabresa, para que as crianças não estranhassem tanto, na outra vez fizemos apenas com a carne desfiada”. No caso dos bolos, muito apreciado pelas crianças, as merendeiras e nutricionistas adaptam as receitas em versões mais saudáveis, substituindo o açúcar por uma fruta doce, como a banana e a maçã. Ana Paula Radigonda explica que uma das partes mais gratificantes é quando as crianças pedem: “tia, ensina a minha mãe a fazer determinado produto, determinada preparação”. Segundo ela, as crianças pedem o cardápio da escola e as receitas para que as mães possam reproduzir em casa.

Durante a merenda escolar, nenhum aluno fica de fora. Para as crianças que têm alguma patologia e precisam de um cardápio diferenciado, as escolas fazem mudanças para que elas consigam comer juntas das outras. Crianças com diabetes, intolerância à lactose e celíacas recebem os mesmo alimentos, mas com as adaptações necessárias. “Nós substituímos o leite em uma receita de strogonoff para uma criança que não pode ingerir esse produto ou substituímos os produtos com glúten para as crianças que têm a doença celíaca”, pontua Izabel de Arruda.

Os alimentos que compõem a merenda escolar são adquiridos com recursos vindos do FNDE e de uma contrapartida do município. Os alimentos não perecíveis, como o arroz e o feijão, são comprados mensalmente. Em relação às carnes e ao hortifruti, a compra é feita semanalmente, mas a entrega é diária. “Todos os produtos são frescos, dessa forma podemos avaliar a qualidade”, salienta Radigonda. A nutricionista pontua que, antes de chegar ao prato dos alunos, os alimentos passam por duas triagens: das nutricionistas da Secretaria de Educação e das merendeiras das escolas. “As merendeiras passam por cursos de boas práticas de manipulação e de conduta dos produtos, dessa forma elas conseguem avaliar esses alimentos de forma mais adequada”, explica.

“O que nós queremos é oferecer opções mais saudáveis e que sustentem os alunos durante as aulas. Nós incentivamos o consumo de alimentos que as crianças não costumam consumir em casa, contribuindo até mesmo para que ela leve essas sugestões para a família, podendo até mesmo melhorar os hábitos alimentares em casa”, finaliza Izabel de Arruda. Para Radigonda, o meio é muito importante para que as crianças se alimentem melhor, tanto na escola quanto em casa. “É essencial que a família faça pelo menos uma refeição junta ao dia”, finaliza Ana Paula Radigonda.

Compartilhe