O dia 13 de junho é marcado pela comemoração a Santo Antônio, o padroeiro de Cambé. E como já é tradição na cidade, a data teve muita devoção ao Santo conhecido como casamenteiro, recuperador de objetos perdidos, distribuidor de pães e milagreiro. Para isso, a Paróquia Santo Antônio, em parceria com a Prefeitura de Cambé, organizou uma programação especial com missas, procissão, benção de pães e a tradicional venda do bolo do santo padroeiro.
A paróquia organiza o evento antes mesmo de Cambé ser um município, há 89 anos, sendo uma das mais tradicionais festas religiosas dedicadas a Santo Antônio no Paraná. Desde o início da manhã até a noite, a celebração conta com alvorada festiva, missas, orações, procissão, fogueira, quermesse, e as tradicionais vendas de assados e do bolo de Santo Antônio.
O prefeito Conrado Scheller destacou a celebração, uma das mais tradicionais em Cambé. “É muito importante essa parceria que a Prefeitura tem com a igreja católica e os demais líderes religiosos, principalmente em um dia igual hoje, o do nosso padroeiro. É importante manter as suas tradições, porque a cidade, em regra, se forma em torno das igrejas, e a paróquia é mais antiga do que a própria organização política de Cambé. A gente faz questão de estar presente e enaltecer esse momento religioso e espiritual de muito respeito que as famílias cambeenses resguardam”, afirmou.
Bolo de Santo Antônio
Uma das principais ações do dia é o bolo de Santo Antônio. Para 2023, a Paróquia preparou 10 mil pedaços, o equivalente a 1.300 quilos, com cerca de 25% deles recheados com a medalha do padroeiro. Diz a tradição que quem encontra a medalha no bolo, em breve também encontrará o seu par perfeito. Mas a paróquia destaca que independentemente do pedaço ser contemplado ou não, todos eles são abençoados.
Inez Mazeto, coordenadora do projeto do Bolo de Santo Antônio há 23 anos, relatou que esse é um grande trabalho voluntário, que envolve 80 pessoas, divididas em várias equipes, praticamente como uma indústria segundo ela. Por conta do grande volume, os bolos são produzidos em padarias, mas os voluntários fazem o corte, acrescentam calda, coco ralado, a medalha, além da embalagem e comercialização. Cada pedaço custou R$ 7.
“Eu gosto muito de Santo Antônio, é nosso amigo íntimo e cuidar desse projeto já faz parte da minha vida. Já em março a gente começa a correr atrás de todos os detalhes, embalagens, medalhas, quem vai fazer o bolo, teste nas padarias. Cuidamos de tudo. A organização final sai em 30 dias, e no fim dá tudo certo. Tudo isso por Santo Antônio, é ele que está por trás de tudo, nos abençoando, ajudando quem mais precisa”, complementou a coordenadora.
E o bolo faz parte do cotidiano do cambeense, como relata a devota de Santo Antônio Rosaria Mecchi. “Compro o bolo todos os anos por devoção mesmo. Além disso, minha família também gosta e tenho que levar para todo. Só aqui tem sete pedaços. Todos eles querem encontrar a medalinha, arrumar um casamento ou receber bençãos. Eu não, porque já passei da idade e estou tranquila de casamento, mas essa já é tradição em casa”, expressou sorrindo.
Abraço ao redor de igreja e protesto
No entanto, a celebração desta terça-feira também ficou marcada por protestos dos fiéis da Paróquia de Santo Antônio contra uma decisão do Arcebispo Metropolitano Dom Geremias em passar a igreja dos Palotinos para os Diocesanos, gerando preocupação aos membros da comunidades. Eles fizeram um abraço ao redor da paróquia, além de orações.
O padre José Lino destacou que a comunidade recebeu a notícia com muito pesar, já que os Palotinos fazem parte da história de Cambé, estão organizados ali antes mesmo do município, e destacou que a paróquia já se reuniu para avaliação do caso, irão fazer a organização dos documentos para um pedido de revisão da decisão, através de um canonista eclesiástico.
“Sabemos que é um direito do arcebispo, mas acreditamos que isso deveria ser feito em consenso, buscando o bem-estar do povo, conversando e respeitando também a história que já foi feita aqui. Os fiéis estão no direito de se manifestarem, e nosso desejo é que tudo se resolva da melhor forma possível, visando o melhor para todos aqui.”
O prefeito Conrado Scheller também acompanhou a manifestação e fez um apelo para que essa decisão seja melhor analisada. “Esse é um movimento respeitoso e legítimo. Eu como prefeito, sei que não tenho ingerência na Igreja Católica, mas diante da parceria que nós temos resguardada na cidade de Cambé, me sinto também no direito de, pelo menos, manifestar minha opinião e pedir que essa decisão seja melhor analisada, que a comunidade seja ouvida, para que não seja feito algo de forma muito rápida, abrupta, uma mudança tão significativa, dos palotinos deixarem a nossa cidade. Foram eles que construíram esse conceito, toda a estruturação que existe hoje. Com todo o respeito aos diocesanos, mas nós gostaríamos que essa decisão fosse reformada”.
Segundo a secretária de Educação e Cultura de Cambé, Estela Camata, a organização da Paróquia por padres Palotinos é um patrimônio histórico da cidade, sendo já uma identidade pública, presentes há quase 90 anos. Além da paróquia matriz, eles foram responsáveis pela construção da Santa Casa, Lar Santo Antônio e do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora.