A Prefeitura de Cambé, por meio da Secretaria Municipal de Saúde Pública, recebeu, no fim do último mês, um certificado de menção honrosa da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná por ações contra a hanseníase no município. Cambé se destacou por atos de busca ativa para diagnóstico da doença, e também ficou em 1º lugar entre as cidades que fazem parte da 17ª Regional de Saúde na avaliação de contatos nos últimos cinco anos, e com maior percentual de avaliações de contatos com casos novos entre 2019 e 2023.
Anna Paula Brambilla, enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Cambé, explicou que as principais ações contra a doença tiveram início no final de agosto de 2023. Na oportunidade, a Secretaria de Estado da Saúde promoveu uma formação de avaliação neurológica simplificada, prevenção de incapacidades, diagnósticos e pensão em hanseníase. No evento, foi solicitada uma meta de ação para melhorar o diagnóstico precoce de hanseníase, a avaliação de contatos e a capacitação das equipes.
A primeira meta elaborada foi a capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde da Atenção Básica para busca ativa de pacientes com hanseníase. Já em janeiro, o mês de conscientização sobre a hanseníase – Janeiro Roxo, foi realizada uma formação para técnicos em enfermagem do Programa de Saúde da Família para avaliação de pacientes com hanseníase nas UBS. Além da capacitação, os profissionais da Atenção Básica fizeram um levantamento dos contatos dos pacientes já diagnosticados com hanseníase para avaliação.
Após todas essas ações pactuadas, o município de Cambé recebeu o certificado de Menção Honrosa e também um Estesiômetro para avaliação dos pacientes – kit com várias pontas para avaliar a sensibilidade da pele, uma das formas utilizadas para avaliação da enfermidade.
“Para mim, a Menção Honrosa é um reconhecimento do bom trabalho realizado pelos profissionais da Atenção Básica em conjunto com a Vigilância Epidemiológica e o CTA. Mas o mais importante é desenvolvermos ações para encontrarmos mais pacientes, e que tenham diagnóstico precoce e recebam tratamento adequado para terem uma boa qualidade de vida”, salientou a enfermeira.
Hanseníase
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a hanseníase é uma doença crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que pode afetar qualquer pessoa. Ela caracteriza-se por alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e olhos e pode gerar incapacidades permanentes e problemas nos nervos, por exemplo. Com isso, o diagnóstico precoce é o elemento mais importante para evitar transmissão, complicações e deficiências.
A bactéria é transmitida por meio de gotículas de saliva expelidas na fala, tosse e espirro, em contatos próximos e frequentes com doentes que ainda não iniciaram tratamento e que estão em fases adiantadas da doença.
Pessoas com a doença têm os nervos dos membros inferiores, superiores e face lentamente comprometidos. Ainda, as alterações podem passar despercebidas, muitas vezes só sendo detectadas quando já estão avançadas com manchas com perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato; formigamentos, agulhadas, câimbras ou dormência em membros inferiores ou superiores; diminuição da força muscular, dificuldade para pegar ou segurar objetos, ou manter calçados abertos nos pés; nervos engrossados e doloridos, feridas difíceis de curar, principalmente em pés e mãos; áreas da pele muito ressecadas, que não suam, com queda de pelos, (especialmente nas sobrancelhas), caroços pelo corpo; coceira ou irritação nos olhos; e entupimento, sangramento ou ferida no nariz.
O Brasil é o 2ª país do mundo que mais registra casos novos de hanseníase, atrás apenas da Índia. Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país. Com isso, são desenvolvidas ações para busca ativa e contato com casos novos da doença, com tratamento já no início dos sintomas.