Você que tem entre 14 e 24 anos e manda bem no desenho, sabe tocar violão, é fera na matemática ou no inglês, ou tem qualquer outra habilidade na área da Cultura, da Educação e do Esporte: venha ser um Agente da Cidadania. O projeto funciona desde 2017 na cidade e tem o objetivo de auxiliar jovens e adolescentes de baixa renda, ao mesmo tempo em que promove oficinas e cursos gratuitos à população.
O projeto é voltado exclusivamente para os jovens e adolescentes cambeenses que têm uma renda familiar per capita de até um salário mínimo (R$1.212 por pessoa). Qualquer jovem ou adolescente, dentro dos requisitos, pode participar, basta ter alguma habilidade e vontade de passar isso adiante. A supervisora do programa na cidade, Daniele Costa, explica que as propostas são analisadas no momento da inscrição, mas que qualquer habilidade é bem vinda. “Se você é bom em alguma disciplina ou idioma, sabe dançar ou tocar algum instrumento, é bom em algum esporte, desenha, pinta ou borda, pode ser um Agente da Cidadania”, detalha. O Agente da Cidadania recebe uma bolsa no valor de R$306 e tem que desenvolver 40 horas mensais de atividades, incluindo a preparação das aulas.
Para se inscrever, os jovens e adolescentes precisam residir em Cambé, ter entre 14 e 24 anos, ter renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo por pessoa e estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico). As inscrições são feitas no Centro da Juventude (Avenida Pedro Viriato Parigot de Souza, 953 – Jardim Castelo Branco) das 8h30 às 11h30 e das 13h às 17h. No ato da inscrição, os candidatos devem apresentar o RG, o CPF, um comprovante de residência, uma declaração escolar e a folha resumo do Cadastro Único. Os menores de 18 anos devem ir acompanhados de um responsável.
A princípio, o contrato é de um ano, mas pode ser renovado por mais tempo se for de interesse do jovem e do município. “Nós temos agentes que já estão no projeto há quase dois anos e até mesmo jovens que participaram do programa como agentes e agora são alunos de outros agentes”, explica a supervisora. Daniele esclarece que ouve muito dos agentes que o projeto ajudou na questão da timidez e na dificuldade em fazer amigos: “no começo eles chegam tímidos e quietos, mas, conforme as aulas vão passando, eles vão se desenvolvendo, perdendo a vergonha e fazendo novas amizades”. Além de ministrar esses cursos e oficinas, os agentes também participam de palestras e discussões com profissionais sobre temas do cotidiano, como o cyberbulling e o cenário político.
Aparecida Moura tem 18 anos e é Agente da Cidadania há quase dois anos. Segundo ela, sua principal motivação para participar foi a oportunidade de ensinar aquilo que ela mais gosta: a dança. “Eu queria poder fazer pelo menos uma ‘coisinha’ que fizesse bem para as outras pessoas, assim como ia fazer bem para mim também”, explica. Moura relata que no começo só tinha dois alunos, mas que eles a motivaram a continuar. “Hoje eu tenho quase 10 alunos e é muito legal ver as pessoas se superando, por mais difícil que seja uma coreografia, eles vão lá e tentam, porque é o objetivo deles”, conta emocionada. Para ela, o maior aprendizado que o programa trouxe foi saber como lidar com as pessoas: “eu aprendi a ser menos egoísta e a pensar mais nas pessoas, que cada um é diferente e tem um tempo diferente para fazer alguma coisa. Isso, com certeza, me fez ser uma pessoa melhor”.
Carlos Eduardo Marfiz, de 15 anos, está participando do projeto há dois meses com oficinas de desenho – estilo mangá. “Eu quero passar meu conhecimento através da arte para ajudar e incentivar as pessoas a se expressarem da melhor maneira”, explica. Segundo ele, a intenção é mostrar que não é preciso ter um ‘dom’ pra fazer um ótimo desenho. “Meu maior orgulho é ver a evolução dos alunos, vê-los aprimorando as técnicas”, comemora. Marfiz pontua que vem aprendendo muito, tanto com os outros agentes quanto com os alunos. “Esse tempo vem me ensinando a ouvir mais as pessoas e a prestar mais atenção nelas, isso faz com que eles se sintam bem e tenham confiança em conversar comigo”, finaliza.
Atualmente, a cidade de Cambé conta com 38 vagas para jovens e adolescentes que querem ser Agentes da Cidadania. Os recursos do programa vêm do Governo do Estado, por meio do Fundo para a Infância e Adolescência (FIA) e do Paraná Seguro, que é um programa dentro do contrato firmado entre o governo do Estado e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).